domingo, 10 de janeiro de 2021

Diana 27 de 1982 comparativo

O meu amigo António comprou mais duas relíquias para a sua coleção e pediu-me como de costume para lhes dar uma vista de olhos ou seja, fazer uma revisãozita.

As armas são, uma Diana 27 de 1982 e uma pequena arma de iniciação, a Diana 70 de 1980 que a seu tempo aqui será mostrada mais em pormenor, por esta altura, em Portugal as crianças ainda podiam pegar em armas de ar comprimido para um dia quem sabe, se tornarem bons atiradores, muitos até desportivos, pena que por esta altura em Portugal, as armas de qualidade para fins desportivos fossem raríssimas, já hoje em dia, as pessoas acham que se uma criança pegar numa destas armas, no futuro será certamente um serial killer, então o melhor é ir jogar à bola para ver se dali sai um Messi e estudar, bem estudar só se não tiver treinos, enfim, outros tempos, outros pais bem mais cultos... Que me desculpem os mais sensíveis, aqueles que não podem ouvir críticas a nada mas este blogue não tem como objetivo ser um pãozinho sem sal como muitos canais de YouTube, paginas de FB ou revistas, o que aqui escrevo não tem de ser politicamente correto nem tentar agradar a todos a fim de ter muitas visualizações ou tentar que alguém patrocine o blogue com material oferecido ou vendido mais barato para eu comprar com desconto, testar e vender. Aqui escrevo aquilo que vou constatando com a certeza que posso cometer erros de apreciação, erros que podem sempre ser rebatidos por qualquer um que por aqui passe e tenha opinião diferente ou até mais conhecimento que eu, pelo menos é assim que eu gosto de ler artigos sobre um qualquer produto, o que é bom é bom, o que é menos bom ou até mau deve ser dito e assim informar quem lê, obviamente que outros podem ter opinião diferente, se a tiverem ótimo, debatem-se ideias e opiniões, a isso chama-se liberdade de expressão em democracia. Mas deixemos este blá blá blá que já vai demasiado longo e voltemos ao que interessa aqui para o caso. 

Neste post pretendo mostrar o que valia uma Diana na década de 80 e que tão bom nome deu à marca cá em Portugal a ponto de ainda hoje muita gente se por em sentido quando ouve a palavra Diana. É claro que nem todas as armas desta como de muitas outras marcas têm a mesma qualidade até porque nem todas se destinam ao mesmo fim, sendo os preços nesta como noutras marcas, variáveis em função precisamente da qualidade e do fim a que se destinam, esta Diana 27 4,5 (.177) era e ainda continua a ser uma arma para muita coisa mas não para participar em competições desportivas, na década de 80 quem comprava uma arma destas era sobretudo para caçar uns passarinhos, fora isto punham-se umas caricas ou pedrinhas numa árvore e fazia-se tiro ao alvo, era assim que se dava uso a uma arma destas, claro que com esta arma se faziam brilharetes que não eram possíveis com as Flecha e Flober(s) que se traziam de Espanha às escondidas dos guardas da fronteira.

Apresentado que está o segmento desta Diana e a utilidade que lhe era dada, vamos às características mais relevantes desta senhora de quase 40 anos bem como as características das outras duas.

Diana 27

Comprimento total - 110,7cm

Comprimento do cano - 45,5cm

Peso - 2,945kg

Velocidade com JSB Exact 8.44 - 163,9 m/s

Potência - 7,3J

HW50V

Comprimento total - 110,9cm

Comprimento do cano - 46,5cm

Peso - 3,182Kg

Velocidade com JSB Exact 8,44 - 175,1m/s

Potência - 8,4J

Gamo 600 Sénior

Comprimento total - 108,5cm

Comprimento do cano - 45cm

Peso - 2,804Kg

Velocidade com JSB Exact 8,44 - 176,8m/s

Potência - 8,5J


Após limpeza e beneficiação dos seus componentes resolvi fazer um teste no quintal, coloquei uma mira Hawke 4X32 AO que não é propriamente a melhor mira para tiros de precisão mas é de longe uma mira bem melhor do que as que vulgarmente se compravam na década de 80 para a utilização que se dava a esta Diana 27. Como é normal, seguem as fotos do que fiz, e o que fiz não foi nenhum trabalho exaustivo, nem na manutenção nem na procura do projétil preferido ou do melhor agrupamento, como já disse, foi feita uma limpeza à arma, a mira é bem melhor do que as que usualmente se compravam para estas armas e os chumbos obviamente que os aqui experimentados também são melhores e alguns muito melhores que os vulgares chumbos que se compravam por aquela altura. O teste foi feito com o alvo a cerca de 18/19m com a arma apoiada apenas no fuste num saco de tiro cheio de arroz, a idéia não era acertar nas pintas vermelhas e perder a referência onde apontava, o retículo desta Hawke é um bocadinho grosso e com apenas 4X corria o risco de com 2 ou 3 acertos na pinta perder a referência para apontar, como tal o mais importante era os grupos ficarem próximos da pinta já que com diferentes chumbos também o ponto de impacto é diferente e não fazia sentido zerar a mira para todos os chumbos de cada vez que experimentava um chumbo.

Feito o que havia a fazer não resisti a fazer uma comparação direta com a minha velha HW50, 7 ou 8 anos mais velha já que segundo as minhas pesquisas pelo número de série no site da Weihrauch, segundo a marca esta 50 foi fabricada em 74/75. Penso que este comparativo faz todo o sentido já que as duas armas são bastante idênticas na potência, calibre, dimensões, idade e país de origem como mais à frente se pode comprovar. Como por esta altura o Pedro, um outro amigo me emprestou também uma espanhola Gamo 600 Sénior bem mais nova (1997) que as duas alemãs mas também ela com características dentro do mesmo segmento olha... Acabei por comparar 3 armas, todas elas à mesma distância, com os mesmos chumbos e a mesma mira, como curiosidade tenho de destacar que após verificar, nenhum dos 3 canos tem choke, onde o chumbo ficava mais apertado até era no início e não no fim do cano.

Vamos então às fotos começando obviamente pela Diana 27.


A Diana 27 com a Hawke 4X32AO

Não tinha quase sujidade nenhuma


Nesta foto é possível ver que a parte central do piston em chapa que nem unida com solda foi. Mecanicamente está muito longe de me satisfazer esta Diana

O piston depois de limpinho com a bucha de origem

Nesta altura ainda a Gamo não tinha chegado para fazer companhia e a HW50 ainda tinha em cima uma BSA 4X32 com ajuste de paralaxe, mais tarde foi retirada para que o comparativo se fizesse com a mesma mira. A Diana e cima e a Weihrauch em baixo.

Pesagem da Diana 27

Nas fotos da cronografagem, a velocidade está correta mas não a energia já que o cronógrafo estava configurado para o JSB Express e não para o Exact 8,44 que serviu para cronografar todas as armas 163.9m/s e 7,3J 

A HW50 revelou-se a mais gordinha do comparativo

Quase a mesma velocidade da Gamo

175.1m/s e 8,4J

A Gamo 600 a ser a mais leve deste comparativo

Se a Gamo no peso foi a mais leve, na potência foi a vencedora

176.8 m/s e 8,5J

Foi desta forma que as três atiraram aos alvos, nestas fotos falta o chumbo Crossman Domed que mais tarde se juntou aos outros para se dar a conhecer aos canos.

HW50V

Gamo 600 Sénior

Os vários grupos conseguidos com cada uma das carabinas e uma moeda de dois cêntimos com sensivelmente o mesmo tamanho dos pontos vermelho


A Diana a conseguir uma coisa que ainda que só ainda a HW50 aqui conseguiu também, colar tiros com o RWS Super Field, pode dizer-se que também não desgostou do JSB S100, um chumbo de cabeça plana

A HW50 mostrou claramente que gosta de chumbos JSB e facilmente se percebe que foi a arma que melhores agrupamentos conseguiu, esta como é minha conheço-a melhor e posso dizer que consegue grupos bem melhores com o JSB Express aqui testado mas também com nenhuma das três armas tive especiais cuidados no momento de puxar o gatilho, com o RWS Super Field fiz 6 tiros porque no final dos 5 tiros tinha um flyer ao 3º tiro e quis dar a oportunidade de fazer um excelente grupo o que acabou por não ser acontecer 

Esta Gamo 600 Sénior faz-me ficar ainda com mais pena de uma que tive, é que esta revelou-se um bocadinho esquisita com os chumbos, gostando apenas dos JSB S100, já a que eu tive, não sei se pelas mexidas que lhe fiz ou não, sei que era um regalo de Gamo, agrupava bem com vários chumbos e era até melhor que uma HW30 que também tive cá em casa comprada novinha para a minha piquena mandar uns balazios no qintal.

Conclusão, a Diana assim por alto já que os agrupamentos não estão medidos, rivaliza em resultados no alvo com a Gamo, os 15 anos de diferença da Diana parecem pesar numa arma com uma construção interior, mais frágil e mais complexa quando se pretende abrir, o piston tem um aspeto algo frágil e o gatilho tem sempre de se desmontar para abrir a arma o que faz com que fechar esta Diana seja uma tarefa bem mais complicada que nas duas outras, quem conhece minimamente as Diana sabe perfeitamente que os engenheiros da marca não primavam pela simplicidade dos mecanismos que projetavam.

A 50 é a mais velha, a que tem melhor precisão, a menos esquisita com os chumbos testados e de longe a mais bem construída, o gatilho é praticamente igual ao que ainda hoje se pode encontrar nas Weihrauch e o Record marca muitos pontos em relação às suas concorrentes, mesmo a empunhadura é melhor, sente-se bem o equilíbrio e o pouco peso a mais, no resto da construção também não se nota grande diferença para a 50 atual a não ser a estética da coronha e a massa de mira, óbvio que em qualquer uma das três marcas os canos têm choque nos dias de hoje.

A Gamo sendo uma arma muito idêntica a esta Diana em resultados, devo dizer que já tive uma igual, que fazia bem melhor e que me lembre, de diferente desta, tinha apenas a mola, talvez os 15 anos a menos tenham levado à evolução na qualidade da construção, tive uma El  Gamo 600 em 1985 que nunca abri mas do que me lembro, não tinha um tato pior que esta Diana.

Espero que tenham gostado, mais haveria a dizer e principalmente a mostrar no caso de abrir a Gamo e a Weihrauch para este comparativo mas como já as tinha aberto anteriormente ainda me lembro perfeitamente de como são e como se abrem e fecham. Podia também ter testado mais chumbos e é pena que não estejam aqui o HN FTT que por acaso não tenho neste momento, não acredito é que fossem estes chumbos a alterar muito o que aqui ficou demonstrado.

Em breve espero fazer aqui um pequeno teste de precisão com a Diana 70 porque tenho de devolver as armas ao dono, até já .

   




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