segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

BSF S70



 A BSF S70 é uma arma de que não sei muito, nem sobre a marca se sabe muito mas para começo aqui vai um pouco do que pesquisei. BSF é a contração de Bayerische Sportwaffenfabrik, queria lá isto dizer o que for, acho que só consigo pronunciar isto com uma batata muito quente na boca. Brincadeiras à parte, sou completamente ignorante na língua alemã, mas continuando, a fábrica situava-se em Erlangen, que fica a norte de Nuremberg na antiga Alemanha de Leste ou seja, antes da queda do muro de Berlin. A BSF S70 ou apenas BSF 70 como está gravado no bloco do cano, foi a primeira carabina de mola de grande potência conforme as conhecemos hoje, as chamadas "magnum", a S70 começou a ser produzia na década de 70 a fazer velocidades na ordem dos 265 m/s o que dava uma potência a rondar os 18j, sensivelmente o dobro da potência das armas daquela época. A marca faliu em finais da década de 80 sendo comprada pela atual Weihrauch que aproveitou não só maquinaria e peças já fabricadas mas principalmente uma grande parte do know how desta excelente marca com projetos ainda hoje presentes nas atuais Weihrauch.

Como já disse, a informação sobre esta marca é escassa, ainda por cima é dividida pelos vários modelos da marca. Tenho investigado bastante e ainda não consegui encontrar uma base de dados que me indique o ano de fabrico através do número de série mas tudo me leva a crer que esta seja uma arma da década de 80, talvez uma das últimas BSF a sairem da fabrica de Erlangen.

Não sei bem quanto tempo passou desde que adquiri a Weihrauch HW85, o certo é que recentemente chegou à minha humilde coleção se é que se pode chamar coleção, a mãe da HW85, a BSF S70. Não se pode dizer que esteja em excelente estado de conservação mas para a idade que tem, já tenho visto bem pior, no entanto devo acrescentar que está muito longe de se poder dizer que está ou estava mal conservada, a oxidação está ainda em bom estado, apenas uma ferrugem muito superficial no cano e na ação, já a mola estava partida em dois sítios do lado do piston, retirando a esta cerca de 5 ou 6 cm de comprimento, veio também com as miras dianteira e traseira separadas da arma mas completas, incluindo os parafusos originais da mira traseira. Quanto à parte metálica parece-me estar tudo dito, foi este o estado em que chegou, pior mesmo é a coronha, esta é que veio um bocado mal tratada, não tem riscos ou mossas mas tem um pequeno parafuso enroscado no final do fuste do lado esquerdo e o pior de tudo é um enorme buraco em frente ao guarda-mato que segundo o antigo dono, foi feito para enroscar o parafuso de um tripé que serviria de apoio de tiro, é pena, não fosse esta enorme ferida e estávamos perante uma peça quase quase perfeita na conservação. 

Este é o estado atual, limpa, com as miras colocadas e já sem a mira telescópica 4X32 da Gamo que só atrapalhava


A BSF S70 está neste momento ainda com a mola original que como disse estava partida e por isso só produz neste momento 16j de potência, mais tarde colocarei uma mola Fac para que desta forma fique com a potência idêntica à que tinha quando foi construída.

Já que falo na parte mecânica, tenho de começar por dizer que esta foi até hoje, a arma que mais dificuldade tive para abrir, não pela complexidade mas pelo que foi preciso para desapertar "o raio dum" parafuso com cabeça de 9mm. Então não é que tive dar calor com um maçarico e usar uma exagerada chave de caixa com uma descomunal alavanca para desapertar um mísero parafuso de 9mm, digamos que foi preciso uma chave de macho Alfa para depois de dar calor com maçarico já que a pistola de ar quente nem cócegas lhe fez, para desapertar uma porcariasita de parafuso...

É este o sacana que fixa a mola, que me deu água p'la barba pra desapertar.





Como disse, esta avozinha não veio muito mal tratada, ainda assim veio com umas valentes cicatrizes que lhe foram infligidas e que me vão dar muito trabalho de cirurgia plástica a tentar camuflar já que fazer desaparecer completamente vai ser impossível.


O pequeno parafuso de certeza que não fazia parte da arma quando esta saiu da fábrica mas também não vou fazer drama e a seu tempo será resolvido.


   Esta é a maior cicatriz e aqui sim, vou ter de     suar para a tentar esconder. Para já tirei a       rosca metálica que estava cravada na madeira.


Agora que já mostrei o mais preocupante, passemos então ao que foi fácil resolver no interior e exterior desta não muito vista arma e porque não, neste pedaço de história das armas de armas de ar comprimido, mais concretamente, um pedaço relevante da história da conhecida Weihrauch.

Esta é a foto que abre este post e mostra precisamente como chegou até mim, com as miras aberta separadas da arma e uma mira telescópica Gamo 4X32 


         
        As miras chegaram separadas mas completas, é possível ver uma mira traseira algo rudimentar e uma mira dianteira idêntica às atuais


Nesta foto da parte superior do bloco do cano é      possível ver que não tinha muita ferrugem 



Nesta foto vemos a patilha de segurança que é automática e o trilho de 11mm elevado para fixação de uma mira telescópica. Este trilho elevado é característico na Weihrauch HW85 MKl


Depois de aberta mais um probleminha para resolver, mola partida que após um jeitinho no lado partido, voltou à arma para neste momento fazer sensivelmente 16j com chumbo JSB Exact 8,44 gr. Nesta foto vê-se o guia de mola metálico, um piston idêntico ao usado ainda hoje nas atuais Weihrauch e também "o raio do parafuso de 9mm que me moeu o juízo" mas que também me deu a perceber que esta foi a primeira vez que foi aberta.


As espirais que estavam partidas


A bucha, igual às Weihrauch dos nossos dias não estava em ótimo estado mas poderia perfeitamente continuar a disparar, foi no entanto substituída por uma outra que não está nova mas está em muito melhor estado, pois nunca queimou óleo ou massa consistente. Quando a arma for intervencionada a sério logo leva bucha e mola novas, para já apenas ficou a funcionar, coisa que fazia muito mal.


Nesta foto pretendi fotografar o interior do cano sem qualquer vestígio de ferrugem e é também possível ver, embora de forma desfocada, que não trazia o vedante do cano que para resolver, apenas comprei e coloquei um vedante das actuais Weihrauch 


Como por certo já devem ter reparado nalguma das fotos, este exemplar apesar de muito idêntico exteriormente à Weihrauch HW85, salta desde logo à vista a tecla de gatilho e de imediato reparamos que não se está na presença de um gatilho Record, o que denuncia que o gatilho Record não terá sido engenharia nascida na BSF, dito isto, pode dizer-se também que a forma como a mola é fixada e a forma de disparar desta arma fica aquém da realidade de uma HW85. Comparar este gatilho a um Record deixa este a perder claramente ou não fosse o Record um dos melhores gatilhos do mundo perdendo apenas para alguns gatilhos match. Não sendo um excelente mecanismo de dispáro, também não se pode dizer que seja mau, não é pesado e é de um estágio apenas, quanto a afinação, pelo que já investiguei, é bom que não se deixe muito leve porque desgasta-se e mais cedo ou mais tarde, o disparo acidental acabará por acontecer, como tal, é melhor ficar com a afinação de fábrica para que a diversão não dê em desgraça, de qualquer forma, este gatilho é de certeza absoluta bastante melhor que o Perfect Trigger que experimentei numa HW25 mais jovem que esta BSF. Percebo que o Perfect Trigger tenha uma caixa idêntica ao Record sendo por isso possível fazer como fiz na tal HW25, troquei-o por um Record sem qualquer tipo de invenção ou ginástica, ficou apenas sem partilha de segurança que no Perfect Trigger é diferente e em local diferente também da patilha do Record. Este gatilho vem menos pesado que a maioria dos gatilhos das comum Gamo, já o Perfect Trigger foi só o pior gatilho que puxei até hoje, conseguindo ser ainda pior que o de uma Norica 56 já de si pesado a ponto de ao fim de meia dúzia de tiros se ficar com cãibras no dedo, não, não estou a exagerar, neste blogue podem se quiserem, ver o review da HW25 lá mais para trás. 



Vistas as entranhas desta BSF, passemos então aos resultados que ela consegue ou melhor, que eu consigo com ela, acreditando contudo que seja possível melhor daquilo que vos vou mostrar se, o atirador for melhor, se escolher o chumbo que ela mais gosta, com um gatilho afinadinho e se atirar com mira telescópica, tal como já disse algumas vezes, a minha vista já não está grande coisa para atirar de mira aberta, qualquer dia, embora não me apeteça nada, lá terei de usar óculos. Para testar esta S70 resolvi usar um chumbo que não sendo tão mau como os vulgares chumbos da década de 80, também não é tão bom como os melhores chumbos de hoje em dia, os Crossman Domed são chumbos que já me deram enormes alegrias no meu quintal mas nos quais não confio a 100%. Sendo esta uma arma magnum, teria obviamente de a testar em campo aberto e a uma distância que fosse razoável, considerei os 20m como tal e por isso foi esta distância máxima a que atirei de mira aberta e para a experimentar.

Comecei nos 10m e está aqui um resultadinho de merda que ainda assim chega perfeitamente para envergonhar a grande maioria das pressões de ar atuais com coronhas táticas todas estilosas.




Passei depois para os 20m e aqui até nem fiquei nada descontente, confesso que após os primeiros balázios a 10m o que se segue mostra que até foi bem bom e eu não esperava um grupo tão pequeno.



Medi a potência com chumbo de peso médio.



No dia dos primeiros tiros ao alvo podemos ver a velha escola lado a lado com modernas PCP





E assim chegamos ao fim, espero que tenham gostado deste bocadinho.

Bons balázios e alguma coisinha, disponham.