quarta-feira, 27 de abril de 2022

A Haenel 310 já dispára novamente

 



Para começo de conversa devo desde já dizer que esta é uma arma pouco potente, talvez a springer menos potente que me passou pelas unhas, talvez não, esta foi mesmo e até hoje, a springer mais fraquinha que apanhei desde que comecei este blogue mas o que perde em potência, ganha em diversão e chegou até mim para reparar aqui no atelier de sapateiro, já que tinha alguns problemas que a impediam de fazer aquilo para que fora construida.

Como sempre digo, springers muito potentes não fazem muito o meu género, básicamente é como as gajas com mamas muito grandes, todos gostam de ver mas depois...

É pá, já tou a escrever um bocado fora da caixa. Adiante, quem não gostar de ler e for adepto do politicamente correto tem bom remédio. 

Esta é mais uma springer germânica igual à Anschutz 275, ambas com uma engenharia um pouco diferente daquilo que estamos habituados a ver que remonta a 1933, e é diferente devido a um monte coisas. Em primeiro lugar o que imediatamente salta à vista é a culatra, em vez de se bascular o cano ou bascular uma alavanca debaixo do cano ou paralela à ação, temos uma manivela articulada na parte superior da ação que se puxa para trás para armar empurrando-se seguidamente para a frente e para a direita. Com este movimento faz-se recuar o vedante de compressão que não está no topo de um piston convencional, juntamente com um transfer port que mais não é do que um tubo com um orifício junto ao vedante por onde entra o ar comprimido, ar que vai ser expulso pelo outro topo já dentro do cano, onde por sua vez já se encontra o projéctil esférico de calibre 4,4.                              Confuso?                                                                    Um bocadinho, eu avisei que era diferente daquilo que estamos habituados a ver, com a foto mais a baixo talvez se perceba melhor.          Muitos dos mais velhos que já mandaram uns balázios nas barracas de tiro das feiras, de certeza que conhecem esta arma, podem é não conhecer o seu funcionamento interno.           Até aqui falei numa série de coisas não muito habituais na pressões de ar, o acionamento, o tipo de projéctil e o calibre, para além disto devo acrescentar que esta arma tem um magazine com capacidade para 6 esferas, penso que também os há com capacidade para 10 ou 12, esferas essas que nem são de aço nem me parece que sejam de chumbo.


Vista completa do "piston" com o vedante completamente desfeito.



    Aqui vemos o vedante e transfer port novos


Aqui pode ver-se com mais pormenor o transfer port, o rasgo é por onde o ar entra e no topo esquerdo, por onde sai, topo que está sempre no interior do cano e cano o com tem uma abertura inferior para alojar o magazine.


Comecei por dizer que não é muito potente mas diverte muito o atirador. E atirar onde e no quê? Para começar, obviamente que a curtas distâncias, esta é a carabina ideal para atirar no quintal, antes de o fazer, pensei que não fosse aconselhável porque as esferas de aço fazem ricochete, mesmo em tábuas, já que se não as penetram, elas, as esferas, têm de ir para algum lado e o lado às vezes é o corpo do atirador se não estiver a uma distância segura. Em quê? Em latas de cerveja, frascos de shampoo e outras alvos do género, em alvos de papel e em carreiras de tiro é que de certeza não vai dar diversão a ninguém já que a precisão não é um dos atributos desta arma nem dos projécteis próprios para ela, ainda que o cano seja estriado. Para se perceber a precisão da arma, fiz uns tirinhos a 10m num alvo de cartão, obviamente com as miras abertas já que não tem forma nem projeto para fixação de miras telescópicas. Como a potência é fraquinha, também muito por culpa de um vedante de couro ainda novo, muito ensopado em óleo e não completamente moldado ao tubo de compressão, mas como dizia, como a potência não é muita, as esferas ficaram cravadas no alvo e nos cartões por trás do alvo que por sua vez tinham uma chapa de aço de 3mm como pára balas, não fazendo desta forma o ricochete que eu esperava que fizesse, nem esperava também para ser sincero, que as esferas ficassem cravadas no alvo.


6 tiros a 10 metros dentro daquilo que é a precisão de uma arma que dispára esferas. Para ser muito sincero, posso afirmar que já atirei com algumas carabinas muito bonitas e de marcas muito conhecidas, que disparam chumbos diabolo e que a esta mesma distância se iam roer de inveja de tamanha precisão. 



O teste de cronógrafo. 
Não tem muita potência nem nunca irá ter mas daqui as umas dezenas de balázios, terá de certeza um pouco mais.


Apenas 5 tiros para ver qual era a já esperada pouca potência.



Não, não meti as esferas a tapar os buracos feitos pelas suas gémeas, estas são mesmo as esfera disparadas contra um alvo que tinha por trás, mais dois cartões e uma chapa de aço 



Aqui estão 3 das esferas ou melhor, "meias esferas" que ficaram cravadas no alvo. De um lado, ainda redondas, do outro, achatadas, daí eu dizer que não são de aço embora não me pareçam também de chumbo.



Como já se percebeu, esta é uma arma puramente de plinking que com esta espécie de ferrolho se arma muito rápidamente e sem grande esforço devido a uma mola com pouca energia e que é comprimida com pouca alavancagem ou seja, aciona-se o ferrolho no sentido da compressão da mola, sendo o fulcro da alavanca no vértice do triângulo que se vê no fuste nas fotos mais a cima.


Visão da arma, agora com o túnel da mira dianteira que faltava quando chegou até mim, e com mais uma peça de coronha que envolve a mira traseira.


O pequeno carregador fica quase imperceptível depois de encaixado, que nesta foto se vê virado para cima mas que na verdade se encontra no fuste abaixo da mira traseira.


O magazine que se aloja no fuste


O magazine e alguns projécteis onde sr podem ver a uns furinhos que mostram ao atirador até onde está municiado  e o número correspondente a quantas esferas se encontram no interior.


As inscrições com marca e modelo da arma



Aqui é possível ver a rudimentar mira traseira com ajuste de elevação apenas, o certo é que a julgar pelo resultado no alvo, está bem regulada verticalmente. 
A parte de madeira envolvente da mira que se observa pode ser estranha mas a pedido do dono, foi adicionada à arma, o que acaba por dar semelhanças às M1 Garand, da II Guerra Mundial, pena mesmo é ter uma cor algo diferente da cor original da coronha.


A mira dianteira, agora já com o tunel de origem.



Para terminar, tenho de dizer que esta arma até  bem estimada me trouxe alguma nostalgia ao fazer lembrar-me os tempos de puto em que pedia umas moedas ao meu Pai para ir dar uns tiros nas feiras, não me lembro sinceramente se algum dia consegui sacar algum prémio, que me lembre não, mas o certo é que sempre mandava uns balázios antes de ter a minha primeira "pressão d'ar"


 Já agora e porque não? Mostrar também como ficou o interior depois de limpo. 


Pelo papel já se pode ter uma ideia de como estava o interior antes da reparação, ao lado o "piston" pronto para voltar a ser montado.
A limpeza não se ficou por este "guardanapinho".


Pronto, agora é que termina, espero que tenham gostado deste bocadinho e se são proprietários de uma destas armas, parabéns, têm aí um belo brinquedo.
Até breve, não tarda temos aí o restauro de uma HW97 que ficou bem bonita.

domingo, 17 de abril de 2022

Parece que é oficial

 



É a primeira vez que vejo o nome do Je a figurar em alguma coisa como fazendo parte da Seleção Nacional.

Eu sabia que fazia parte dos 4 mais próximos do melhor português na modalidade em springer mas para ser sincero ainda não tinha visto nada oficial. A bem dizer ainda não vi esta folha físicamente, esta folha foi partilhada pela Ana Pereira no grupo do Whatsapp da malta do FT a comunicar que está afixada na carreira de tiro do Jamor dando informação dos atiradores que fazem parte da selecção nacional com entrada gratuita na carreira de tiro do Jamor.

Não posso esconder que fiquei com uma certa vaidadezita e daí isto ser facto para constar aqui nas coisas relevantes que me acontecem no tiro.

Vaidade à parte, isto é muito bonito mas é pena que neste desporto não seja como nos desportos de pontapé na bola em que os atletas têm tudo à borla e ainda lhes pagam para representar o país. Aqui até a penta campeã do mundo tem de se chegar à frente com as poupanças se quiser ir representar o país, coisa que eu não tou pra isso.