sábado, 1 de abril de 2017

Field Target e os Primeiros Passos

Recentemente conheci alguém que hoje é meu amigo, que gosta de atirar e que decidiu começar a fazer Field Target, comprou uma arma, comprou a mira e depois perguntou-me, então e agora vamos mandar blázios?
Resposta, agora temos de preparar a arma e a mira.

Em Portugal os praticantes não são muitos mas temos dos melhores do mumdo e a modalidade está a crescer por cá, por isso este post destina-se a quem está a começar ou a quem quer começar a praticar a modalidade de tiro mais completa do mundo.
Não, não estou a puxar a brasa à sardinha é a pura verdade. Quantas modalidades de tiro conhecem em que se atira em mais que uma posição? No FT atira-se em três posições, sentado, de pé e de joelho no chão. Quantas modalidades de tiro conhecem em que se atire a distâncias variáveis? No FT atira-se a qualquer distância entre os 9 e os 50 metros. Quantas modalidades de tiro conhecem que o projétil tenha uma curva balística tão acentuada nas distâncias a que se atira como nas armas de ar comprimido? Quantas modalidades de tiro conhecem com um projétil tão sensível a uma ligeira brisa e que ainda por cima se atire em ângulos positivos e negativos?
Não é qualquer mira telescópica que serve para esta modalidade e conhece-la  muito, muito bem é fudamental para que se tire das variações de leituras que nos dá em função da temperatura ou da exposição solar do alvo.
Se optarem pelas armas de mola não se esqueçam que o recuo acontece antes do projétil abandonar o cano o que torna a coisa mais difícil.
Jovem, se te queres tornar num grande atirador alista-te e lê o que vem a seguir se queres começar uma carreira de (sniper), sim é verdade, um bom atirador de FT atira bem com qualquer arma de carabina.

Para praticar esta modalidade a arma e a mira telescópica são essenciais mas como costumo dizer o material não faz tudo sozinho e o que está a trás do conjunto é mesmo o mais importante ou seja, o atirador, antes mesmo do primeiro tiro é preciso adquirir um conjunto de conhecimentos para que a arma possa responder às nossas solicitações. Neste post não vou abordar tudo o que é preciso para se ser um atirador de excelência ou ter material de excelência, porquê? Porque eu não tenho também conhecimento suficiente, se o tivesse o melhor que teria a fazer era escrever um livro, um post num blog é claramente insuficiente para um assunto tão vasto onde mesmo os mais experientes continuam a aprender mais qualquer coisa a cada ano que passa.
Neste post vou abordar apenas o básico para participar numa prova de Field Target.

Em primeiro lugar em Portugal é preciso Licença Federativa que evidentemente é passada pela Federação Portuguesa de Tiro, no caso do tiro com armas de ar comprimido o teste é bastante fácil e barato, se abdicarem de um serão de copos já sobra tempo e dinheiro para a lição de manuseio e para pagar o teste mas para início teremos de nos increver primeiro num clube de tiro, pois é este que propõe o atleta a exame na Federação.

Com a habilitação na mão podemos depois escolher a arma e a mira, a arma pode ser de mola ou de ar pré comprimido (PCP), nas de mola as categorias são duas, cano articulado ou cano fixo, nas PCP também são duas as categorias que variam na potencia, 16Joules a categoria internacional ou 24J, quanto à mira convém que pelo menos tenha 24 aumentos, se tiver mais tanto melhor. A meu ver penso que no início não valha a pena gastar dinheiro em material topo de gama, sem material bom não se conseguem bons resultados mas também não é preciso começar logo com o que há de melhor no mercado, há inúmeras coisas para aprender até que se consiga tirar partido do material de boa qualidade e vão ser precisos uns valentes milhares de tiros podem ter a certeza.

Depois de comprada a arma e a mira, a primeira coisa a fazer será dar uma limpeza interior na arma, ainda que esta seja nova em folha, como já aqui mostrei há uns tempos as armas vêm de fábrica com excesso de lubrificação e por norma com lubrificantes que nem sempre são os mais adequados, caso a arma tenha sido adquirida em segunda mão convém saber junto do anterior proprietário em que estado esta se encontra por dentro, com sorte pode até acontecer que a arma seja de um praticante de tiro e se encontre em boas condições para começar a atirar.

Arma pronta, vamos tratar da mira e aqui vamos ter de começar a aplicar  alguns conhecimentos, em primeiríssimo lugar teremos de montar a mira perfeitamente alinhada e nivelada com a arma, para tal vale a pena gastar aqui algum dinheiro numas muito boas montagens até porque este é um acessório dos mais baratos do comjunto e que nos pode acompanhar mesmo que se troque de arma ou mira.
Para montar a mira devemos ter presente que a zona central dos vidros é sempre onde se consegue a melhor imagem como tal devemos contar os clicks na torre de elevação por forma a montar a mira com os clicks a meio para que a arma consiga acertar a distâncias no meio da curva balística, se as montagens permitirem este tipo de afinação otimo, se não, podemos sempre recorrer a calços nos anéis de montagem, o material que normalmente uso para calçar a mira são as capas plásticas dos cadernos.
Neste momento estarão alguns a achar isto tudo uma grande confusão e a perguntar como é que vou fazer isto?
Tudo o que aqui vou dizer pode não ser a forma mais correta ou mais simples, provavelmente haverá quem faça de forma diferente, eu vou dizer como faço, quem quiser fazer de forma diferente força, façam da forma que acharem mais prática e de melhor compreensão.
Como disse anteriormente, eu procuro o zero da mira pelos clicks há quem o faça com recurso a um espelho e até de outras formas, eu vou pelos clicks, ou seja, pelo zero mecânico. Antes de mais é preciso conhecer o projétil que a arma mais gosta e a velicidade a que sai do cano para simular a curva balística numa das várias aplicações disponíveis e assim saber quais as distâncias que ficam +/- entre os pontos que pretendemos. Imaginemos por exemplo que os 13m e os 40m ficam próximos do mesmo click na torre de elevação. O que tenho a fazer é riscar um traço horizontal num pedaço de cartão que vou colocar à distância de 13m e sem mexer na torreta faço dois dispáros e ver se acerto a cima ou a baixo do traço e dessa forma saber se adiciono ou retiro calços, no caso de ter anéis de montagem com regulação faço coincidir o traço horizontal do reticulo com o traço horizontal que fiz no cartão.

Roda de paralaxe e torreta de elevação




Depois de regular a inclinação da mira vou então nivelar a arma e a mira, este é um ponto que não deve ser descurado, até porque é muito simples de resolver. Para tal podemos fazer a operação de duas formas, a primeira com bolhas de nível, uma ficará fixa na arma e a outra na mira, a forma forma dá para todos os casos com uma bolha de nível apenas, este é o primeiro acessório que devemos comprar e um dos mais baratos.
Então é assim, fixamos a bolha na arma por forma a que esta fique de nível lateralmente, em seguida vamos fixar um fio de prumo a uma distância que não precisa ser muito longa mas que seja possível à mira focar para que com a arma nivelada possamos alinhar o traço vertical do reticulo com o fio de prumo e assim apertar todos os parafusos das montagens verificando sempre o nível da arma e o alinhamento do reticulo da mira.

Mira fixa vamos então para a escala de paralaxe, esta é uma característica indispensável numa mira de FT, tem de a possuir pois é esta escala que nos vai indicar a distância a que os alvos se encontram,  a perfeita leitura das distâncias é determinante para o sucesso do tiro. Sabendo nós que em prova os alvos estão compreendidos entre os 9 e os 50m teremos de nos socorrer de uma fita a métrica para nos ajudar nesta tarefa, na roda de paralaxe que deve ter o maior diâmetro possível mas não exagerado vamos colar papel milimetrico em todo o seu perímetro depois se tivermos um alvo de treino podemos fixá-lo numa plataforma móvel para desta forma se poder deslocar o alvo com mais facilidade dentro das distâncias pretendidas.
Agora que temos tudo pronto vamos então fazer a escala de paralaxe que difere de pessoa para pessoa logo não devemos confiar na e que vem de fábrica ou numa que venha numa mira que se tenha adquirido em segunda mão, comecemos então por pousar a arma numa bancada e desenrolar a fita desde a nossa posição até aos 50m, seguidamente vamos repetir a seguinte operação de metro a metro dos 9 aos 50m que consiste em colocar o alvo a 9m e rodando a roda sempre no mesmo sentido focar o alvo o melhor possível, por vezes o alvo continua focado permitindo algum movimento da roda, nestes casos temos de fazer o traço na na roda que nos indica a distância no início o no fim da focagem ou seja, ou assim que a imagem fica focada ou então quando começa a ficar desfocada. O procedimento como já disse repete-se para todas as distâncias que se pretende, seja de metro a metro ou de meio em meio metro.

Escala de paralaxe em miras AO


Escala de paralaxe em miras SF


Agora já só nos falta fazer a curva balística que no caso de miras com clicks de 1/4 de moa podemos apontar as distâncias segundo a escala que vem na torreta mas no caso de miras com clicks de 1/8 de moa que dão mais que uma volta entre as distâncias de tiro aconselho mandar fazer uma cobertura de torreta com o maior diâmetro possível para evitar ao máximo que nos percamos nas voltas da torreta. O exemplo que vou dar por ser mais simples serve para torretas com 1/4 de moa. Para fazer a curva uso um processo muito identico ao que referi anteriormente nos primeiros tiros do conjunto, fita métrica, riscos horizontais no alvo e tentativa de acerto nos riscos, assim que acerto dois ou três tiros no risco para onde apontei aponto na cábula a distância do alvo e o click da torreta. Quem preferir rodar a torreta sempre no mesmo sentido para subir ou descer os clicks é conveniente zerar a mira para o ponto mais alto da curva balística desta forma fica muito facilitado o trabalho em prova.

Bolha de nível, um dos acessórios mais baratos e um dos mais importantes
podem sempre comprar um nível de plástico por 1/2€ retirar uma bolha e colar com fita dupla face na parte de trás da ação 

Torretas de elevação já com cábula

Aqui fica uma boa ideia para um apontador caseiro bem barato


Espero que este texto venha a ajudar de alguma forma todos aqueles que estejam a iniciar este desporto, muito mais haveria para falar até porque outras maneiras há para se conseguir o que aqui tento explicar, com metodos até mais elaboradas para chegar ao mesmo objetivo mas que só iria confundir quem está a dar os primeiros passos no FT.

Agora há que treinar, treinar, treinar para aprender a compensar o vento segundo a intensidade, relevo do terreno, inclinação do tiro e perceber também de que forma a variação de temperatura, a exposicao solar do alvo podem afetar não só as leituras das distâncias mas também a balistica externa.
Por algum motivo está é a modalidade de tiro de mais difícil do mundo, daí o prazer que se retira cada vez que se acerta no Killzone.


Aqui ficam alguns exemplos dos alvos usados no FT








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