terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Smooth Twist e as slugs

 

                        Foto de outras sessões de tiro


Quem me conhece ou segue este blogue, sabe bem que não sou própriamente fã das PCP e ppde até estranhar este post, não sendo fã deste tipo de airguns, posso dizer até que eu era um perfeito ignorante no tocante slugs. Muitos atiradores me têm dito que os canos FX Smooth Twist são maus para atirar com slugs ou seja, não disparam slugs com a precisão dos pellets.

Segundo as minhas últimas experiências com este tipo de cano e estes projécteis, posso dizer que não é totalmente mentira mas também não deixa de ser verdade, passo a explicar socorrendo-me das habituais fotos mais adiante como suporte do que acabei de dizer.

Como penso já todos ou quase todos saberem, as slugs necessitam de mais velocidade e mais rotação que os peletes para se manterem estáveis durante o voo, não será por isso difícil concluir que quando a FX nos apresentou os canos ST, estávamos muito longe do nascimento das slugs, como tal, quando a FX decidiu usar uma configuração de canos que não era nova que basicamente consiste num cano que no seu interior em 90 ou 95% do seu comprimento é liso para que o projéctil ganhe velocidade e no final, apenas na zona do choke tenha estrias, estrias essas não muito profundas para não marcar muito a cabeça dos pellets e dessa forma sofram menos desvios, quer devido à rotação, quer devido à ação do vento.

Dito isto, posso afirmar que a FX produziu um excelente cano para disparar pellets já que estes, por terem o centro de massa na parte frontal, não necessitam de muita rotação para se manterem estáveis durante o voo e que devido ao formato arredondado da sua cabeça,  não gostem de velocidades muito altas, próximas da velocidade do som, digamos que são projécteis precisos até cerca de 290 m/s ou 950 fps sensivelmente, velocidade apartir da qual as slugs começam a sentir-se confortáveis, por outro lado, tal como um giroscópio, as slugs com um formato de ponta mais aguçado e centro de massa mais afastado da ponta, necessitam de mais rotação pra terem estabilidade durante voo, daí ser fácil concluir que os canos ST da FX não serem os ideáis para disparar slugs, apesar de serem bons ou muito bons para disparar pellets ainda que eu nunca os tenha visto fazer com pellets, melhores resultados que os tradicionais canos estriados de conceituadas marcas como Lothar Walther, ou BSA. Para terminar a explicação, tenho também de dizer que as slugs são por norma mais pesadas que os pellets no mesmo calibre logo, as armas precisam de mais potência para as disparar à mesma menor velocidade dos pellets. Sem entrar nas particularidades das armas PCP, mais concretamente nas armas com canos ST, digo apenas que estas armas precisariam pelo menos de canos mais longos para fazer mais potência com a mesma pressão no regulador, logo com plenuns mais volumosos, coisa que não se verifica nas antigas FX com canos ST. 

Sem ter entrado em demasiados detalhes, penso ter explicado de forma simples e compreensível, o porquê de se dizer que os canos ST não são os melhores para os novos projécteis das PCP's de alta potência, também não sou Eng. Físico logo, não saberia explicar estes fenómenos de forma científica, mesmo que soubesse não os explicaria aqui,  sob pena de tornar o texto complexo e massador.

Quem estiver a ler este texto neste momento estará certamente a perguntar-se.                        Se é assim, então porque é que este cromo disse no início que não é totalmente mentira nem totalmente verdade que os canos ST sejam maus para atirar de slugs? Simples, nas últimas semanas tenho atirado com uma FX Royale 400 .22  que atirou muito bem com slugs, atenção que este "muito bem" não é exatamente um "muito bem" num moderno cano STX mas em todas as distâncias a que atirei com slugs, consegui grupos idênticos e melhores até do que os que conseguiria se estivesse a atirar com pellets, passo a explicar, digamos que a Royale 400 em .22 e o seu cano, foram desenvolvidos para disparar pellets JSB Jumbo Heavy de 18.13gr. Com estes projécteis não é muito difícil, especialmente se não tiver vento, fazer grupos de um furo com 5 tiros a distâncias de 45/50m e a 100m, não será nenhuma proeza, conseguir grupos de 5 cm, (2 polegadas ou pouco mais), distâncias onde os pellets começam a perder velocidade e estabilidade de forma muito acentuada e onde começam claramente a perder terreno para as slugs com maior queficiente balístico e um formato que resiste melhor ao vento. Estas são duas das principais características que qualquer atirador de ar comprimido e não só, procura num projéctil, eu obviamente que não fujo à regra.

Aos atiradores mais experidntes, suponho não estar a dar novidade nenhuma se disser que a distâncias curtas, facimente os pelletes ganham as slugs ou melhor, facilmente os pellets conseguem agrupar "pellet on pellete" já que as slugs precisam de alguma distância para estabilizar, mas à medida que os pellets prosseguem o voo vão perdendo estabilidade e consequentemente, cada vez se vão desviando mais do ponto onde era suposto acertar, já as slugs, após estabilizarem, são capazes de galgar metros com menos perda dessa mesma estabilidade, como tal não será de estranhar que a 25m, as slugs não agrupem tão bem como os pellets, o que não significa obrigatoriamente, que a 75m as slugs não estejam a agrupar bem melhor que os pellets, no entanto e por estranho que me pareça a mim e a vós, mesmo a curtas distâncias, consegui excelentes grupos até para pellets.

Vamos então, ao que eu e esta Royale com o seu cano ST conseguimos com slugs HN. Se para mim e para a muitos outros atiradores a JSB está no topo no que a pellets diz respeito, no que toca a slugs, a HN leva também para mim e não só, alguma vantagem. E leva vantagem porquê? Porque para além de ter dois sub calibres tal como a JSB, são eles nesta marca checa o .216 e aquele que me parece ser atualmente o mais usado .217, já os alemães da HN tem .217 e .218, para além disto contam também nestas mesmas medidas com cinco pesos diferentes ao contrário da marca checa que em .22 tem neste momento apenas um peso, 25gr. A marca germânica tem como já disse, cinco pesos diferentes no calibre .22 a saber, 21, 23, 25, 27 e 30gr, como tal o óbvio foi começar por comprar amostras destes pesos nos dois sub calibres afim de perceber se a Royale simpatizava com alguma das dez variações desta marca. Comecei evidentemente pelos mais leves que para mim e pelo que já referi acima,  seriam as slugs que fariam mais velocidade, logo pela lógica, a gostar de algumas, seriam as mais leves. Acontece que não, a velocidade não é o único fator que conta para a precisão de uma slug, facto que eu já no calibre .177 tinha constatado e também numa FX Royale onde com os JSB dos dois pesos diferentes a saber, 10 e 13gr os mais leves portaram-se bem pior e ao que parece, nenhuma PCP cal .177 que eu tenha visto até hoje gosta da variante mais leve, logo mais veloz.                                                                 Se por um lado a velocidade é importante, a inércia na rotação não será menos importante, porque ao ter mais peso, também perde menos velocidade de rotação durante o voo, como tal há que conseguir um equilíbrio entre rotação, peso e velocidade, daí que a Royale .22 tenha gostado mais dos 23gr do que dos 21gr e do que qualquer um dos outros três pesos superiores. Notei também que gostou muito mais do .218 do que do .217, a ponto de me deixar muito mas mesmo muito surpreendido. Um cano que supostamente não gosta de slugs vai fazer um grupo de 12mm a 25m, muito próximo do que faz com pellets e a 100m menos de 2 polegadas mais precisamente 41mm, abaixo do que faz com pellets a esta mesma distância  e esta não é uma distância que se possa dizer que não é para pellets. Basicamente, a Royale com slugs, não perdeu para os tradicionais pellets a nenhuma das distâncias a que testei as slugs, nem mesmo a 18m que foi o primeiro teste no meu quintal.


Este é o cartão onde couberam os grupos  com os Slugs de 23gr .217 à esquerda e .218 à direita, ao centro estão os grupos a 25m do .217 mais a cima e .218 mais a baixo, na horizontal temos de cima para baixo, 100m, 75m e 50m, nesta foto não é bem visível a legenda devido ao tamanho das letras e números pelo facto do cartão ter dimensões bem generosas, como tal terão de fazer zoom para que seja possível ver o que está escrito o que ajuda a compreender.
P.s. não zerei a mira para as distâncias a que atirei.



Mas como o que é bom ou muito bom não dura para sempre, após os testes passei obviamente à compra de duas latas de slugs neste sub calibre e peso, infelizmente para minha surpresa e decepção, chegaram-me latas com slugs que agrupam de forma idêntica às amostras em .217, sendo que as slugs de uma das latas agrupam ainda pior. E pior porquê? Porque vinham bem mais lubrificadas que as outras, vinham completamente brilhantes ainda, bem ao contrário das da outra lata, que vinham tal como as das amostras, quase negras, um pouco mais escuras até do que os pellets com que normalmente atiramos.

Como disse anteriormente, uma das caixas trazia demasiada lubrificação que foi precisamente pela que comecei e que me decepcionou bastante, no entanto abri a segunda caixa e ao ver a diferença ganhei alento e esperança que com aquelas teria o problema resolvido,  não podia estar mais enganado, é certo que agrupavam melhor, ainda assim apenas ao nível das amostras em .217. Lavei os projécteis de ambas as latas com detergente de loiça, depois separei 20 unidades da lata com mais lubrificante que foram ainda desengorduradas com Mistolin, após a lavagem, retirei 10 unidades de cada que passei por vinagre na intenção de lhe dar alguma oxidação, já que as da segunda lata não nessecitavam de ser oxidadas, o vinagre apenas banhou as que precisavam de escurecer.


Na foto não é bem perceptível a diferença de coloração mas acreditem que na lata da esquerda, as Slugs estavam brilhantes enquanto que na lata da direita bem bem oxidadas e escuras.

Estas foram as latas que vieram após os testes com as amostras e que não tiveram o mesmo desempenho como referi.


Tratamento dado, chegou o momento de as testar em dois grupos de 5 tiros, grupos apenas à distância de 50m que em todos os tipos de tratamentos tiveram resultados consistentes com dimensões dos grupos sempre próximas das conseguidas com as amostras em .217 aos mesmos 50m o que para mim acabou por ser decepcionante.


Aqui fica a foto do cartão que estragou o sonho 



Mais tarde irei certamente experimentar com velocidades um pouco mais altas já que esta Royale tem um regulador Huma que permite regular varias pressões de tiro, para além do regulador, aguardo por uma pecita para adicionar uns pozinhos. Se conseguir algum resultado relevante, publicarei neste mesmo post, exceto a velocidade😁😁😁.

P.s. não publiquei as velocidades prpositadamente já que estamos em Portugal, apenas digo que o regulador estava a 160 bar numa arma como já disse com um plenum minorca e não irá passar daqui, mais tarde reduzirei a pressão.

I'll be back.


Como o prometido é devido, cá estou eu novamente para atualizar este post.

Ultrapassado que está o trauma das latas de slugs que não agruparam como as amostras, passei então para os pellets onde estes canos se sentem como peixinho na água. Como fazer grupos com PCPs é demasiado aborrecido, não perdi tempo a fazê-los a 25 ou 50m, após os grupos que aqui venho mostrar, atirei a outras distâncias mais curtas apenas para fazer a curva. A manhã começou praticamete sem vento e como a calmia não dura muito tempo, há que saltar etapas e começar logo nos 91m (100 yards), seguidamente 100m, 110m e finalmente 120m, apartir daqui começa a ser muito puxado para atirar com pellets, a menos que se queira acertar em alvos de tamanho XL só porque sim, só para dizer que se acerta numa coisa qualquer a uma distância maluca, era esta de facto a intenção quando comecei a testar as slugs, conseguir distâncias um pouco maiores sem me preocupar tanto com o vento mas o que lá vai, lá vai, passemos ao que é realístico para esta excelente arma que nasceu uns valentes anos antes de nascerem as slugs. 


Posto de tiro


Nesta foto é possível ver o primeiro alvo a 91m, o segundo a 100m já com o agrupamento e o terceiro lá mais longe e mais pequeno na vedação, três alvos do mesmo tamanho, 125X125mm



Às 8 da manhã já o Sol tinha nascido há uma boa meia hora, não havia vento, embora por vezes uma leve brisa se sentisse, o estaminé estava armado pronto para dar início aos testes e confirmação de que a curva feita através do Strelok não era bem a verdadeira curva que os JSB Jumbo Heavy descreviam até atingir os alvos a estas distâncias.

Obviamente que já tinha visto alguns vídeos no YouTube com reviews da Royale 400 e já mais ou menos sabia o que esperar,  meia polegada a 50m,  distância a que não atirei e duas polegadas sensivelmente a 100 yards, os tais 91m. Depois de verificar o click num alvo ao lado e fazer a devida correção, lá fiz o primeiro grupo de 6 tiros e nem queria acreditar no que os meus olhos estavam a ver mas ok, por vezes fazemos um grupinho irrepetível.


Pena mesmo o flyer para estragar um grupo de sonho.




Lá ao fundo, entre as correntes e a cima do alvo, é possível ver o carro ao lado da bancada de tiro, os acertos que se veem deste lado do alvo pertencem a outras sessões de tiro.


 

Passei então aos 100m, um alvo de chapa de ferro de 5mm de expessura tal como o primeiro com 125X125mm, exatamente como o que estava mais à frente a 110m de distância. Sem vento estava confirmado que o cano da Royale, apesar de gostar dos JSB Jumbo Heavy como era suposto, gista também muito deste lote, pois o grupo excedeu novamente o que eu esperava como se pode ver.


Mais 6 tiros a 100m e mais um excelente grupo





A coisa estava a correr demasiado bem para ser verdade e apartir dos 100m, devido a erro meu ou porque o chumbo já começa a perder estabilidade, o grupo acabou por abrir bastante, não deixando de ser um bom grupo, deixou pelo menos de ser excelente. 



Passar para a fase seguinte ou seja, 120m já não era possível na mesma direção,  a menos que eu andasse a saltar vedações e eu já não tenho idade para isso. Mudei a direção até porque entretanto a brisa começava a dar um ar da sua graça e passei a ter a brisa pelas costas.


Aqui já atirei a uma chapa de inox mais fina de 150X150mm pensado eu que os acertos iriam já ficar bastante espalhados, puro engano.


Mais um irritante flyer ao segundo tiro para estragar aquele que podia ter sido mais um excelente grupo de 6 tiros




Podia ter ido mais além? Podia mas acho que não vale a pena, distâncias superiores começam a não fazer sentido, a menos que tenha sempre estas condições para atirar, quase ausência de vento e uma bancada à maneira, coisas que não acontecem todos os dias e condições que apenas se têm se eu entretanto começar a gostar de atirar para fazer grupos o que digo desde já, será muito difícil,  ainda para mais ao preço qhe está o chumbo.

Pronto, estão concluídos os testes e agora sei o que pode esta arma fazer nas condições quase ideáis, até à próxima que não sei quando será, esperemos que não demore muito.

Bom Natal aos que por aqui passarem até amanhã, que será véspera de Natal.

2 comentários:

  1. Excelente!
    Aqui utilizo slugs para atirar entre 50 e 100 metros, com vento, que é quase constante na minha região. Nunca fiz testes acima de 100 metros, nem com pellets, nem com slugs.

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    1. É sempre bom fazer uns testes para perceber até onde é possível fazer acertos em alvos de tamanho razoável e de forma consistente.
      É possível com esta Royale acertar num alvo do tamanho de um sinal de trânsito a 250m?
      É, é possível.
      Mas é um alvo cim dimensões razoáveis?
      Para mim não.
      Para que serve a uma arma de ar comprimido, acertar num alvo dessas dimensões?
      E será que consegue acertar consistentemente?
      Se calhar não, por isso seria pouco inteligente atirar com esta arma a uma distância tão grande, no entanto, sua arma até pode acertar consistentemente em alvos menores a esta mesma distância, como tal, nada como experimentar distâncias maiores e ficar a saber.

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