sexta-feira, 15 de junho de 2018

Atirador VS Qualidade do material

Antes de mais devo desde já dizer que com material melhor, leia-se, arma, mira telescópica e munição de boa qualidade se conseguem melhores resultados do que com material de qualidade inferior, esta parece-me ser uma verdade de La Palisse.
Penso que também ninguém ficará espantado se disser que um atirador experiente terá sempre melhores resultados que um atirador inexperiente ainda que atire com material inferior ao atirador inexperiente.
Não fiquem a pensar que vão ler um testamento com coisas que já todos sabem, o que vão ler a seguir são coisas do conhecimento geral mas que no terreno não é bem o que se constata.
Obviamente que todos nós quando começamos uma atividade desportiva temos a ânsia de conseguir que os resultados apareçam o mais rápido possível, sonhamos com o dia em que estamos a discutir o lugar mais alto do pódio com o nosso ídolo.
Ao olhar para o nosso ídolo a primeira coisa que nos salta à vista é o equipamento de topo, casaco, arma, mira e toda a parafernália de acessórios que se junta a estas duas, a ajudar a isto as marcas fazem o seu papel, muitas vezes patrocinam das mais variadas formas esses atletas de topo, sabem que o material que eles usam leva muita gente a gastar os cobres para pelo menos se parecerem com eles.
Agora a questão é a seguinte. Será que o atirador menos experiente sabe retirar do equipamento tudo o que este tem para dar?
Eu não sou e nem sei se algum dia serei atirador de topo, não sou experiente nem sei se algum dia serei, não tenho material de topo nem sei se algum dia terei.
Dito isto, gosto de pensar ainda assim que atiro com material melhor que eu, como tal penso que quando o chumbo bate na silhueta ao invés de bater no Kill Zone ou Hit como lhe queiram chamar, a culpa não é do material mas sim de quem está atrás dele.
Desde que pratico FT tenho a sorte de ter podido falar e ouvir dicas de alguns dos melhores atiradores do mundo, obviamente que têm segredos que não contam mas por vezes ainda me dão dicas que me deixam danado por nunca ter pensado nelas, coisas básicas e simples. Com isto quero que percebam desde já que não estou aqui a descarregar Latim como se me achasse uma autoridade no assunto, com esta conversa toda pretendo apenas dizer a quem se está a iniciar no tiro ou em qualquer outra modalidade desportiva, que não tenho a certeza absoluta que começar com material muito caro seja sinónimo de sucesso imediato, há muita coisa para aprender até que se consiga tirar partido de um equipamento de topo.
Se por um lado pode ser desmotivante começar com equipamento de baixa qualidade podendo mesmo levar a que o atleta acabe por desistir da modalidade que gosta, também não posso dizer que usar material de topo seja garantia da continuidade e da glória, também o facto de se possuir o que há de melhor e não conseguir resultados idênticos aos melhores pode levar a uma certa frustração levando também ao abandono da modalidade.
Pessoalmente não posso dizer que tenha consciência de todas as minhas debilidades simplesmente porque não sei ainda o suficiente, caso contrário já as teria corrigido, uma coisa é certa, tenho ainda muitas e um longo caminho de conhecimento a percorrer o que me leva à conclusão que neste momento a minha margem de progressão será mais rápida, quanto mais rápido for a aquisição de conhecimento, é certo que também não tenho orçamento para estourar mas esta também não deixa de ser para já a minha forte convicção.
Não pensem que nas provas em que participo não olho babado para o material dos prós mas a minha consciência não deixa de me segredar ao ouvido que um atirador de topo consegue melhores resultados com o meu equipamento do que eu com o dele, fruto da bagagem de experiência e de conhecimentos que ele tem e que me falta a mim.
Não têm sido poucas as vezes e modéstia à parte até já comigo aconteceu, conseguir em algumas provas melhores resultados do que outros atiradores com melhor equipamento, ainda assim sei que só é possível devido ao muito treino e à incessante busca por aprender sempre mais e mais, infelizmente não consegui ainda ter oportunidade de conhecer a fundo a Falcon como espero vir a conhecer, bem como fazer algumas experiências que acredito que me façam subir mais alguns degraus.
Aqueles que seguem o blogue há algum tempo sabem perfeitamente que aqui vou escrevendo sobre o que vou aprendendo, coisas até que se eu voltar a ler daqui a alguns anos me farão rebolar de riso. Porquê? Porque algumas estarão erradas ou apenas parcialmente erradas, talvez este meu conceito seja um deles, neste momento o que vou constatando em todas, sim todas as provas, é que os lugares na tabela classificativa não estão ordenados em função do que se gasta em material de tiro, neste momento acredito piamente que no final do campeonato ganha aquele que obviamente tem um bom equipamento mas que a isto junta muito conhecimento e muito treino e quando falo em treino não me refiro apenas a gastar chumbo, refiro-me ao treino com método, com análise do que está certo e errado, treino físico, treino psicológico, treino em locais diferentes e em diferentes condições de luz, temperatura, humidade, inclinação e por aí fora.
Atirem, divirtam-se mas não comecem logo com uma réplica do equipamento do campeão do mundo sob pena de serem admirados pelo que têm mas não pelo que conseguem fazer com aquilo tudo.
Bons balázios. 
 


2 comentários:

  1. Muito bem. Já me aconteceu pensar que comprava pontos ao comprar material e levar grandes trepas com atiradores a atirar com "clássicas colecionáveis". Hoje penso que o mais importante é o que está por trás das miras.

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    1. Nem mais, foi noutro desporto que percebi que o maquinista é bem mais importante que a máquina mas que sem uma excelente máquina nada se consegue ganhar, no FT continuo com a mesma convicção, resta-me treinar muito e da melhor forma possível.

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