domingo, 2 de agosto de 2020

HW50 Decada de 70

Aquela que para mim é a melhor pressão de ar do mundo tem uma estória com 70 anos, sim a Weihrauch HW50 fabrica-se há sensivelmente 70 anos.
Começaram a ser fabricadas em 1950 depois da Alemanha ser novamente autorizada a fabricar armas, apenas podiam produzir armas de ar comprimido e as primeiras nem cano estriado tinham, a Alemanha podia construir armas de ar comprimido mas não com canos estriados, só em 1951 é que as poderam fabricar com um cano em condições ou seja, com estrias, a história de sucesso ainda hoje se mantem passados 70 anos a fabricar um dos modelos mais vendidos da marca.
Esta não tem 70 anos mas tem quase 50 e poderá perguntar-se, o que é que esta arma tem em comum com as jovens HW50 dos dias de hoje?
Para além do nome, tem o maravilhoso gatilho Record que basicamente é igual, ainda que com pequenas diferenças que não vou agora esmiuçar.
Ao primeiro olhar o que imediatamente nos salta à vista são duas coisas, a coronha totalmente old shcool, lisa com a base do pistol grip arredondado e a outra é um entalhe lateral ao longo do fuste, o cano tem os mesmo 15mm de espessura mas ao contrário dos 39.5cm da atual, esta tem 46,5cm, aqui está grande parte da resposta para os seus mais 6cm de comprimento a mais que o modelo atual, a mira dianteira não possibilita a sua remoção com a mesma facilidade das atuais, o seu tunel mais pequeno que os atuais não possibilita a troca de inserts como nas atuais, não só na Weihrauch como também na conhecidissima Diana, tanto nesta marca como nas Weihrauch de hoje, a mira dianteira pode ser removida se assim se desejar e são muitas as armas alemãs que têm uma massa de mira que fixa ao cano através de um carril em tudo idêntico ao que permite fixar as miras telescópicas mas obviamente que bem mais pequeno, para além disto, as atuais têm também no túnel uma porca recartilhada que permite aceder e fixar o correntemente chamado ponto de mira que no modelo atual poderá até ser escolhido um de entre os cinco inserts fornecidos na compra da arma, o desta mamã quarentona não tem nada disso, é todo em metal fixo ao cano com um escatel lateral e com um simples e mais pequeno túnel que este sim, pode remover-se com alguma facilidade.
A mira traseira, embora um pouco mais pequena que as atuais não tem tantas diferenças, também ela é fixa ao bloco do cano através de dois parafusos, um na sua extremidade anterior e o outro mais posterior no parafuso que permite regular a elevação, o seu formato em cunha faz com que o sistema de elevação atue como uma mola de lamina, tal e qual como as atuais, quanto aos tornilhos de ajuste, o de elevação tem uma escala numerada, já o de ajuste da deriva não tem qualquer tipo de escala tal como ainda hoje.
Na ação, o piston tem 23,9mm de diâmetro e 75mm de curso, transfer port 3mm, meno 0,5mm que as atuais, embora não imediatamente visível na foto mas vista mais de perto percebe-se imediatamente que para se chegar ao interior será preciso desenroscar o bloco traseiro onde se acomoda a unidade de gatilho ou seja, é exatamente igual ao que hoje em dia se pode encontrar nas HW77/97.
Até aqui, tivesse esta arma uma coronha mais moderna e ninguém diria que é uma quarentona, claro que a ferrugem é notória e daria sempre para perceber que não estamos na presença de uma menina de colégio mas verdade seja dita, estou fartinho de ver armas com meia dúzia de anos e com ferrugem bem mais profunda e que quando removida deixa cicatrizes bem marcadas ao contrario desta que apesar de abundante é  apenas superficial.
Tal como nós, por muito jovens que possamos parecer, ninguém nos tira os anos que nos pesam nos ossos, também esta 50 assim que lhe olhamos para as entranhas instantaneamente nos salta à vista um guia de mola metálico e um vedante de cano ou bucha em couro, que por acaso até está muito bem conservada embora cheia de óleo como seria de esperar, pois era embebendo o couro em óleo que se conseguia flexibilidade por forma a conseguir uma vedação perfeita ao tubo da ação, o que me leva a equacionar se a troco ou não por uma nova recorrendo a um sistema que me permita colocar uma de borracha com os 25mm da praxe, medida bastante comum nas pressões de ar desta idade.
Uma outra coisa também bem visível, assim que se retira a coronha e ao contrário das ainda jovens HW50 com meia dúzia de anos é o braço de armar que não roça na parte de baixo da ação provocando o arrepiante ruido metálico e pior que tudo o desgaste do tubo de compressão.
Agora, vem a diferença para as carabinas atuais que menos se nota mas que é tremendamente importante quando se pretende colocar uma mira telescópica. O trilho que à partida pensei ser de 11mm, não é, nesta senhora é de 13mm. Por esta altura estarão a pensar. 
E qual é o problema quando os anéis de montagem têm as pecinhas de aperto que abrem para lá dos 13mm?
A resposta é: experimentem fixar uma mira telescópica com os normais anéis de montagem e depois falamos.
Penso que estão descritas as principais diferenças entre esta 50 de 1974/5 para as de hoje ano em que saiu mais um modelo da 50 que ao que sei apenas mudou o formato e o desenho do recartilhado da coronha.
Vamos então às habituais fotos.

Este é o aspeto de uma arma com 46 anos, não se pode dizer que tenha sido das mais bem tratadas mas de certeza que já todos vimos algumas bem mais recentes e com muito pior aspeto.








Abrir para dar uma vista de olhos e perceber como está por dentro para trocar o que for preciso.





Um polimento no piston é uma coisa que melhora sempre um pouco no funcionamento.

Abrir o gatilho para limpar todo o lubrificante seco dá uma ajuda a um melhor funcionamento.
Não tinha sujidade nenhuma...

Esta rosca estava moida pelo que foi preciso recorrer ao sistema atual com porca.


Depois de limpo ficou um "bocadinho" diferente.

Um polimento interno para ficar xpto.

Aqui estão as diferentes lixas que usei para polir as várias partes.


Et voilá.

Depois de limpinha e revista, uns tiritos da praxe as uns 15m numas latas para ver o que vale toda a "descomunal" potência desta arma.


Além da lata redonda, apenas fez isto na seguinte.

A velocidade média com que ficou com o JSB Exact 8.44gr.

Mira aberta a uns 15m +/-, não medi.

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Ups, isto é só um blogue caraças, não é preciso nada dessas merdisses, no entanto espero que tenham gostado na mesma.


Segunda fase do restauro
09/04/2022

A princípio não era para restaurar, a ideia era limpar e deixar as rugas à vista mas olhar para uma arma minha e vê-la com rugas dá-me volta às entranhas e como esta semana como estou de férias e sem planos para ocupar o tempo, lembrei-me de o ocupar a fazer uma das coisas que também gosto bastante, desmontar a velha 50 e fazê-la nascer novamente.
Não foi fácil nem rápido mas tudo o que se pode ver é "home made", o blueing e o tratamento da coronha que até nem foi das mais difíceis já que é lisa sem quaisquer gravuras, já o metal, para além de alguma ferrugem superficial, estava também um pouco picada e decidi experimentar a oxidação a frio para ver se vai durar tanto como as que até hoje sempre pedi para me fazerem a quente e por profissionais experientes. A conclusão a que cheguei é que não fica tão bem, há zonas a que não consegui chegar para desengordurar tão bem como em banho quente, como tal ficou com a oxidação de origem o que não é grave porque o braço de armar até é uma peça que de fábrica nem tem o mesmo acabamento do cano ou da ação mas como esta arma é minha, mesmo que um dia comece a ganhar alguma ferrugem de firma prematura, posso sempre mandar oxidar como tenho feito até hoje.
Aproveitei também para deixar a união entre o bloco de gatilho e o tubo de compressão a unir perfeitamente que como se podera ver nas fotos era coisa que não acontecia na perfeição e zonas havia em que se notava vestígios de maquinação que não era tão perfeita como a de hoje em dia.
Vamos então às fotos das várias fases e depois ao resultado final.

Comecei por lixar a coronha e dar velatura


Assim comecei a lixar a ferrugem superficial ficou bem visível 


Sinais da maquinação da década de 70

                  Foi polido e bem melhorado


       Os parafusos também polidos par oxidar

                   Depois do ácido leva banho de óleo 


        Cano e ação todos polidos com lixa de água 


A união do bloco de gatilho a unir perfeitamente ao tubo de compressão 


Aqui é possível ver que tubo de compressão e bloco de gatilho não estavam perfeitamente alinhados

Resultado final com a cronha demasiado brilhante para o meu gosto mas com o truoil não é fácil conseguir acabamento baço





Aqui sem óleo no metal onde se vê a oxidação sem brilho.



Afinal não são precisos chumbos caros para nos divertirmos e porque não, fazer brilharetes.
Para quem se estiver a interrogar sobre o que será que quer dizer o V a seguir ao HW50.
V de velhota😁😁😁



Depois de uns tirinhos com chumbos menos bons, teria de experimentar uns melhores ou supostamente melhores.
Entretanto, esqueci-me de dizer que a mola levou uma facadinha e que agora a velhota esta com um pouquinho menos de gás, se tinha cerca de 9j, agora está com sensivelmente 7,5j dependendo do peso do chumbo.

Fotos dos testes com outros chumbos

Destes excite já não gostou tanto

Estes são melhores que os excite Pinking mas fizeram quase o mesmo



Aqui já houve uma melhoria substancial como era de esperar logo, tive de fazer novo grupo para perceber se o primeiro não tinha sido por acaso e o segundo melhorou ainda.


Para breve ficam prometidos uns grupos a 10m, o problema é que a minha vista não está grande coisa para testes de mira aberta e eu por enquanto vou-me recusando a usar os sempre incómodos óculos. 
Mas a promessa fica feita.


E como o prometido é divido, cá vão uns grupos a 10m com chumbos que não são atualmente os melhores do mercado, mas são sem dúvida melhores que os que se fabricavam na época em que esta doçura de arma foi fabricada. Fazer um monte de grupos com os melhores chumbos da atualidade penso que não se justifica por vários motivos;
1° esta nunca foi uma arma para competir, para isso a Weihrauch tinha a HW55CM
2° eu não sou atirador de 10m, como tal, nem eu estou à altura dos melhores chumbos match
3° como já disse anteriormente, a minha vista já não está grande coisa e por isso eu sei que não consigo fazer melhor do que o que aqui vou mostrar mesmo com os RWS R10 Pistol, sei que não consigo porque também fiz o grupo e até saiu ligeiramente pior do que com o RWS Diabolo Basic e eu sei obviamente que o R10 é melhor embora sejam os canos a escolher os projécteis e não os atiradores, e também sei pelo que pesquisei, que por norma estes canos até gostam mais do R10 Pistol 0.45g.

Dito isto, resta-me dizer que se algum dia eu conseguir encontrar e comprar montagens para trilho de 13mm, farei uns tirinhos com mira telescópica para dar uma ideia mais precisa do real valor desta arma, até lá, só posso mostrar o que vale com miras abertas.








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